segunda-feira, 31 de agosto de 2015

Lua Azul



Dia e noite olho esta foto
Dia e noite penso:
 Só mais dois anos
Dois anos pra que ela volte
Sua azul
Que na verdade é vermelha.
Lembro-me a um mês atrás:
Um ponto vermelho no horizonte
Manchando o céu de um rosa vibrante
Abrindo em mim
Grandes "aspas" de esperança
Só um pôr me concedeu
No outro dia
Teu reflexo empalideceu
Até daqui a 23 meses
Te olharei sorrindo
Brilhe como se nunca tivesse existigo

Aqui Dentro:


Nunca é fácil de explicar, nunca é fácil de entender, difícil crer que é realmente assim, mas nos momentos de encontro com o fundo dos olhos colado no espelho onde a alma vasa e tudo parece tão distante e tão perto.
Digo: acho que eu não sei de nada.
Sorrio, porque cara feia já tem de sobra e se realmente não sabemos de nada de que adianta correr atrás de alguma coisa? Corra na frente e em certo ponto se vire rapidamente e grite ARÁ! Te peguei!
Depois fecho os olhos e sonho. Essa é e sempre será a melhor parte.

segunda-feira, 24 de agosto de 2015

Juliana se jogou


Juliana resolveu ser objetiva.Ela não sabia o que queria, mas queria alguma coisa mais legal, não do que já tinha , mas do que sentia.Tocava violão e um pouco de gaita todas as musicas de Raul e Renato, dançava Jazz e sapateado, cantava roco em mi menor, amarelo era seu quarto, mas trocaria tudo isso por uma janela, uma daquelas que lemos em histórias. Estava cansada de janelas de prédios altos de onde muitos outros já se jogaram.Queria avistar da janela um mar calmo ou chamar um amigo-vizinho-de-janela com um assovio agudo que gravaram, uma janela pra conhecer novos mundos, , uma janela dentro de si, uma janela de primeiro andar pra poder brincar de pular no jardim e correr pro mar, uma janela pra sentar de lado, olhar pra baixo, esticar os pés e sentir o matinho rasteiro crescendo no muro, acariciando-lhe os dedos, uma janela é o que ela realmente queria, quando tivesse uma janela, pro resto da vida sorriria e os dias seriam cheios de vento correndo e Sol a aquecendo, os dias valeriam a pena pra ela. Mas isso tudo só lhe veio em mente depois da decisão, no meio do caminho bate um arrependimento, uma vontade de voltar pro batente da janela daquela rua cheia de prédios cinzas e escolher um lugar mais bonito pra morrer e em fim realizar seu sonho de vida. Voar como um pássaro como se não houvesse amanhã, mas realmente não houve um amanhã.


Escreva um livro ou cem deles



Não se acabe
Se renove
Escreva um livro
Se possível mais de 100
 Pois Raul, compreendo
Aramantes  e Nando estou conhecendo
Mas não sei é a vontade do tempo
Ou a do vento
Que de repente
Se jogue tudo ao alento
E se pelo ares viajaremos
E se a vida é realmente viva
Um dia depois desses, nos veremos
Talvez nos vivamos como devemos

Não se acabe
Antes que o mundo acabe
Quero acordar
E ver como seu sorriso se abre
Escreverei um livro
Talvez mais de 100
Por causa de tantas promessas de dedicatórias
Evito apaixonar-me novamente
Não por não haver histórias em mente
Mas pra que eternamente
Eu me lembre:
Momentos merecem registros

Histórias merecem livros.

quarta-feira, 19 de agosto de 2015

Volte pra casa Lary.

 

 

O melhor amigo que já tive, sem mais nem menos foi embora. Era pra ele que eu contava todas as histórias que ainda não sabia bem como escrever, era com ele que eu brincava de casinha, fantasias, vendedora e estilista.Era com ele que eu falava quando  olhavam de longe e diziam:" É normal criança falar sozinha..". 

O Lary era tipo o amigo perfeito, não retrucava que queria outra brincadeira, a mãe dele nunca o chamava porque estava "na hora" Era bom porque nós não íamos pra a escola e eu ia andando pela casa a tarde toda olhando pra trás na esperança de que pudesse ver o rosto dele, mas ele nunca saia de dentro de mim. Com seus olhos verdes,pele quase morena e cabelos castanhos que eu tanto queria poder ver ,Lary alegrava as minhas tardes quando eu não tinha amigas. Hoje sinto tanta falta e penso:" por que será que larguei o Lary?" Lembro de ir ao meu primeiro dia de aula sem ele, mas falei dele pra todas as meninas que me acharam engraçada e boa de inventar histórias,( elas achavam que o Lary não existia de verdade) nenhuma delas nunca chegou aos pés da boa companhia de meu amigo imaginário, mas não me canso de procurar alguma criança com quem eu possa brincar ou conversar como fazia com o Lary. Acho que esse meu negócio de falar sozinha de frente pro espelho é uma tentativa de falar com o Lary aqui dentro, mas sinto que ele está adormecendo ou talvez eu tenha me tornado desinteressante.

Bem.. Lary , se você estiver lendo peço que volte pra casa pois estou precisando de um amigo de infância que me entenda só de olhar, pra eu não ter que explicar toda aquela bagunça que só eu, você e Deus sabemos como é que eu faço caber dentro dessa cachola desde muito tempo.

Num artigo de Jornal

Jornal era uma coisa bem comum de se encontrar lá em casa. Se algum conhecido de um conhecido saia no jornal era uma grande noticia,algo espetacular a gente sonhava aparecer no jornal, bem, pelo menos eu queria muito.

- Manhê.O que eu faço pra aparecer num jornal?

- Criança não aparece em jornal menino,só gente inteligente ou famosa.

- Quando eu crescer vou ser famoso então.

- Não é simples assim meu filho.Você canta ou toca alguma coisa?

- não.

- Você Faz aula de artes cênicas?

- Que é isso ?

- Isso é coisa pra gente da Capital que mora pertos dos centros e escritórios.

- Posso ser inteligente então?

- Deve, mas primeiro tem que saber ler e escrever bem.

- VÔ treinar mainha, a senhora vai me ver na Capa se Deus quiser!

  Ela não disse nada é claro, não queria pôr ,meus sonhos abaixo, achava que eu mesmo,quando crescesse desacreditaria dessa "teima' como ela mesmo chamava.

Mas como eu a disse fui treinar ler e escrever e não larguei mais essa vida de escrever, vi que era bacana, é como um poder, sinto que tudo posso ser e fazer desde que o a caneta ou a tinta não acabem. Um dia mandei uns rascunhos pra um amigo que tinha um conhecido de influência na capital um tal de Sr.Drumont, mal sabendo eu, que o homem podia me pôr na coluna reservada aos cronistas , continuei com minha vida até que o telefone toca, nessa época eu tinha uns 22 anos e estava na sala quando ouvi mamãe tendo uns trecos e dando uns gritos eufóricos ao telefone   " Sim retornarei, obrigada e boa tarde" Correu e me deu beijos na testa, me olhou com olhos de orgulho e disse : Você vai à Capital, leve seus melhores escritos pois num pulo podes ter o nome e mais um monte de coisas no Jornal.

Eu podia e não podia crer no que havia acabado de saber, suei,chorei,tremi,gaguejei,gargalhei. Por fim arrumei as malas e fui e cá estou mandando exemplares de livros meus e o Jornal de cada mês pelo correio pra meus pais, que só não estão comigo aqui pois não largam a casa que construiram juntos.

 

Minha História de Porão


Em bairro pequeno de cidade grande, meu avô comprou casas coladas para os filhos recém-casados . Parece até que já previa os primos tão inseparáveis . Minha casa era maior, meus dois cômodos preferidos eram a biblioteca e o porão, por isso toda tarde era o que eu, Breno, Vera, Jorge e Luiz fazíamos: escolhíamos um livro( de preferência de terror) pra ler no porão.

Lembro-me de como queríamos que nosso porão fosse mal- assombrado como os das histórias dos livros, mas gostávamos a beça do nosso pequeno paraíso de imaginações, onde os adultos nem se atreviam a descer as escadas , pois subi-las seria um sacrifício , coisa que fazíamos correndo, ainda mais se Jorge estivesse lendo a lenda do Lobisomem e dando repentinos uivos de lobo que nos pareciam tão reais.

Os anos passavam e as brincadeiras dos primos já estavam querendo mudar de rumo, quando no inverno do Sul, papai foi embora e por isso e outras coisas de adultos os primos se afastaram, eu passava as minhas  frias tardes no porão a ler livros e ao fim do dia ir a biblioteca conversar com Breno pela janela dos fundos e, sem que ninguém soubesse fazíamos planos de um futuro juntos, mas aconteceu que um dia estava eu a ler no porão e todo o teto vai ao chão bem em cima de mim, arrancando-me o coração e também de Breno que agora só conversava com a solidão.


segunda-feira, 17 de agosto de 2015

Filosofias rasas de vida- Parte 1

"-Todos deveriam escrever suas queixas banais, resolveria a falta de filtro nas conversas-"

Grata pelo ingrato tempo


Algo começa a me chocar: O tempo não brinca de passar . A uma semana me lembro do estar sentada nesta mesma cama, acorda-lo enquanto ele reclama do horário, faz uma cara de bebê chorão e parece velho, talvez por estar acordando ainda, parecia realmente que papai estava velho e eu tinha que trata-lo como se fosse criança. E hoje aqui me encontro sentada na cama lhe dando bom dia enquanto ele acorda como um senhorzinho emburrado fazendo sons de nenê. Me abraça, me encolho, é como se o tempo me dissesse :" Eu não sou uma fábrica de monstros."
O tempo ama de um jeito estranho.Ele vai caminhando conosco a vida inteira, nos mostrando cada uma de suas facetas para aprendermos como contê-las. O tempo não se dissolve, mas dissolve tudo o que pode. Correr contra o tempo é como brincar de pique-pega co ma criança, só você corre, na verdade você nem corre pois isso seria covardia com perninhas tão curtas. é tão fácil entender.
As vezes , coisas tão amplas podem se resumir, se o tempo é uma criança, brinque com ela, faça-a sorrir.
Não estou falando que o tempo é tudo de bom, pra mim é uma criança enjoada, uma hora faz nascer uma presença tão esperada e noutra faz morrer uma pessoa tão amada. Se o tempo me amasse o bastante, papai teria pra sempre 34, não taco-lhe pedras como os outro pra que seja comigo tão amargo, mas obrigada Tempo, se não fosse por você , o que faria eu hoje nesta noite?


Quase um dia qualquer

  


 O Sol escorre pela persiana acordando a esposa que acorda o marido que faz preguiça na cama, mas que rápido se levanta e acorda as crianças que já estão quase descriançando. No prédio o silêncio impera, estão todos acordando, tomando cafe, banho, banho de perfume porque hoje bateu aquela lezeira.

 Com o carro apreendido, a família toda enfrentaria o trânsito do Rio. O mais novo foi pôr o lixo fora e teve dificuldade de ler o Aviso Importante na porta,alguma coisa que a CEG tinha feito no prédio, por isso era mais seguro tomar banho frio, mas pra ele tanto fazia pois de manhã não entrava na água quente nem fria. Subia as escadas porque como de costume o elevador estava parado para reparos quando começou a ouvir uns gritos estridentes, pensou Té que alguém havia enfartado. Teve medo até de chegar perto, levou o maior susto de sua vida ao ver seu vizinho pelado no corredor , correndo e gritando histericamente " Fogo! Fogo!' O menino não conseguia se mover, sua feição era uma mistura de MINHA MÃE MORREU e ALGUÉM SOLTOU UM PUM NO ELEVADOR , IH FUI EU!" Gritou: "Paaaai!" E a família toda saiu de casa , as portas começaram a ser abertas, reclamações, berros, " Bom dia , é da polícia?Tem um maluco nu correndo no meu prédio, está assustando as crianças..não , não é trote" E o caçula continuava intacto, mamãe deu um grito pior que o do doido despido, vovô teve treco, chega o carro da polícia, o pai tira o menino do corredor. 

Aparentemente Seu Sérgio quis tomar banho quente_pelando de manhã e o chuveiro explodiu torrando-lhe os cabelos do peito. Encaminhado á delegacia, quase foi parar no sanatório se não fossem os vizinhos lhe protegendo e alegando que ele era na maioria dos outros dias um senhor bem tranquilo. Já para o menino, esse teria sido quase um dia qualquer ,mas é tudo culpa da escola é claro porque se não houvesse aula teria acordado mais tarde !