segunda-feira, 23 de maio de 2016

O que ainda eu posso ver



Vejo mães
Trazendo pães
E os irmãos
Com suas ir-maes
Vejo vidas
De validades vencidas
De simpatias escondidas
De empatias perdidas
Ouço os ventos
Brisas que vem o voltam
Sem sorrisos nem bom dias
E o mar sozinho
Sem a sua poesia
Viajo à velas
Que no calor do momento
Sem que eu perceba se derretem
Afunda no solo a cera
Do ouvido que tem sujeira
Que para escutar basta olhar
Que para julgar basta achar
Então vejo pais
Que sem avôs
Não têm filhos
Pois que a paz da família jaz
Neste caos de mundo vendido
Ou seria comprado e perdido?

quarta-feira, 4 de maio de 2016

O Sol que mal esquenta



Inspiração não bate na porta
É a poeira que te faz espirrar
O pigarro que te obriga a tossir
A fome que te motiva a comer
O sono que não consegue dormir
A música que não sabe seu final, mas quer cantar
O passarinho que ensinou o elefante a voar
É o amor que te leva a tudo crer
O sonho que te ensina a viver
A paixão que te tira pra dançar
O frio que te faz estremecer
O piolho a coçar
A lágrima a escorrer
É o tempo futuro que já veio
O último que virou primeiro
A carta que não deu tempo de ler
O Sol da manhã que não sabe aquecer
Corpo cheio de breveza e inconstância
Por ser tardia sua espera, ao alvorecer já se foi
Por ser objeto de desejo, da arte de esconde
Por se fingir de morta sempre, é só pra quem sabe viver.