quinta-feira, 23 de abril de 2015

Pão, lama e sorriso

Não importa o quanto demore o pão no forno,sair na chuva já terá valido a pena só de ter na memória o pão amarelinho atrás do vidro suado e segundos depois a luzinha vermelha pra tirar os pães do forno.
Abriu-se a portinha  e toda a cozinha da padaria foi tomada pelo aroma de chuva, umidade e farinha. O teto foi  sendo preenchido pela fumaça, aquela nuvem com partículas de casa de vó.
Todos em volta tiveram os olhos fechados pelo ar quente do pão que caia na cesta, de dois em dois acabavam com o pão quentinho e boas tardes soltas no ar, cada um ia levando um pedacinho daquele clima tão aconchegante pras suas casas. Lá fora, era chuva, lama, queixos batendo,passos largos que é pro pão não esfriar.
Já se passaram dez minutos e o menino na janela olhava pra chuva, sentia o cheiro da terra molhada e esperava uma sacolinha pendurada, o barulho da cave na porta .
A manteiga sumira no pão e o queijo esticara no dente sem mesmo ir pra chapa. É como um sonho que se tem de lutar pra ter.É como sair na chuva, no frio pra ter na lembrança o sorriso do filho.

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